segunda-feira, fevereiro 28, 2005

O mundo e eu

O mundo não se compadece com distrações. Indiferente, pula e avança como se tudo estivesse bem. Mas não está.
A pergunta exige-se: «se alguma vez sair daqui, vou esquecer-me disto como o mundo se esqueceu de mim?» A resposta, apesar de indubitável, fica no ar.
Divergências várias afastaram-me do mundo e, por consequência, deste microcosmos que é a blogosfera. Regresso agora e constato que tudo mudou e, paradoxalmente, tudo está na mesma.
Portugal continua demasiado devagar na auto-estrada. Mudou da faixa da direita para a da esquerda, mas a velocidade provavelmente será a mesma.
O Papa foi internado em estado grave pela 745670972ª vez, apesar de tudo, não renuncia.
O Fyssas ainda joga no Benfica.
Os israelitas continuam a matar palestinianos (e vice-versa), «valha-me Deus».
O Bush ainda é vivo. O Pinochet também.
Os drogados continuam a abordar-me na rua, com maus modos.
Continuo com medo de olhar para o futuro. O futuro, esse, parece sorrir maliciosamente para mim, como quem espera por uma presa demasiado fácil.
O António Simas, o grande companheiro, continua a beber imperiais e a comer tremoços comigo ao balcão dos cafés.
O João Campos (Gato Sérvio), um grande companheiro, diz palmiê em vez de palmier e tem 19 a Francês, apesar de tudo, foi, é e será o número 1.
Eu continuo a levar valentes pontapés e cuspidelas na cara, das pessoas de que realmente gosto.
Valerá mesmo a pena voltar?

JM

domingo, fevereiro 27, 2005

Se eu fosse mulher por um dia...

Depois de termos mandado a nossa equipa de sondagens para a rua finalmente chegaram à nossa posse os resultados de um questionário feito a homens subordinado à questão: “E se você fosse mulher por um dia?”. Os resultados foram os esperados, obviamente 90% dos sujeitos inquiridos responderam que violavam o máximo de homens possivel. Este tipo de respostas deve-se ao facto de as mulheres exercerem um certo poder sobre nós homens, isto é, pensamos nós que as mulheres têm relações sexuais quando querem (salvo raras exepções), basta-lhes estalar os dedos que numa questão de segundos têm um homem as seus pés, por muito feio que este seja é o que acontece. Os homens gostariam de ter esse poder.
Os restantes 10% dividem-se por aqueles que têm o desejo de perceber como é que as mulheres conseguem enfiar tanta bodega nas suas pochetes (as quais parecem não ter fundo), aqueles que gostavam de se poder maquilhar sem sofrer represálias (os gays), outros que gostavam de aprender a andar de sapatos de salto alto (também eles gays) e por fim aqueles que passariam o dia a apalparem-se. Há depois uma minoria de 0,01% que gostaria de sentir as dores do parto e outros que desejavam sentir a menstruação, a estes sujeitos devia ser facultada ajuda psiquiátrica de imediato.
Os resultados do inquérito feito a mulheres com a mesma pergunta, mas obviamente adaptada ao sexo feminino, não chegaram ainda à nossa mesa de trabalho mas pensamos nós na nossa seita que as mulheres correriam de imediato para o W.C. para experimentarem o poder de urinar de pé. Provavelmente estaremos errados, por isso estamos abertos a sugestões.
O que faria uma mulher se fosse homem por um dia?

AS

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Onde estás tu Emplastro???

Emplastro


Já não me lembro da última vez que este jovem fez uma aparição digna de resgisto, aliás, ao que parece desapareceu sem deixar rasto. Este cidadão de nacionalidade portuense, sim porque o Porto é uma nação, foi visto pela última vez no velório da Irmã Lúcia tendo sido espancado e afastado do local. Fiquei revoltado pelo que fizeram ao rapaz, não tem ele tanto direito a visitar a Vidente de Fátima como eu e você?
Já foram espalhados pela cidade do Porto vários cartazes que dão conta do desaparecimento do verdadeiro animal das câmaras, assinados pessoalmente pelo seu pai Jorge Nuno Pinto da Costa e pela sua mãe Vitor Baía. Vários foram os jornalistas que se juntaram na busca desta figura carismática do panorama desportivo português, que sentem em demasia a falta de um arfar constante no pescoço.
Sinceramente espero que este adepto do bom futebol ( é sabido de todos que o Emplastro é adepto de todos os clubes de Futebol à exepção do Benfica, vá-se lá saber porquê...) volte depressa porque o futebol sem ele não é o mesmo, basta olharmos para as audiências das transmissões de futebol este ano.

AS

domingo, fevereiro 20, 2005

Expectativas

Aqui está mais uma tentativa de escrever algo de diferente daquilo a que vos habituei. Este texto revela de algum modo o meu estado de espirito e não vendo necessidade de abrir outro blog por causa de um texto aqui está.

Saio para rua, os corvos que sobrevoam a minha cabeça tornam-se cada vez mais uma imagem habitual, sigo um caminho ladeado de flores negras, mortas pela sede, afastando as moscas que cobrem cadáveres que outrora procuraram o caminho da felicidade mas falharam. Cada vez me sinto mais como um deles, procurei em vão o tónico da alegria eterna mas esse não existe mas foram precisas muitas cabeçadas e muitos pontapés para que me apercebesse disso.
Se ontem o mundo me parecia côr-de-rosa, agora não é mais do que um cinzento sem vida, sem alegria, rasgado por vagos riscos rosa que desaparecem aos poucos. A cada sonho destruído, a cada desilusão, a cada desejo lancetado do meu corpo cada vez mais esses rasgos de alegria são substituídos pelo cinzento morto.
Procuro saber o que está errado comigo prosseguindo o caminho, porque estarei eu tão vazio por dentro? Vozes dentro da minha cabeça dizem-me para voltar as costas à humanidade que mais uma vez me desiludiu, quanto mais esperamos de uma pessoa maior é a desilusão provocada, porquê esperar mundos e fundos de alguém que sabemos que não nos podem dar?
As chamas do amor ardem sem se ver, as da desilusão queimam-nos por dentro, apertam tanto que me sinto sufocar. Tento-me libertar desta corda que me envolve, corro furiosamente tentando deixar tudo para trás, procuro aquele rapaz que se ria a bandeiras despregadas dele próprio, capaz de fazer rir o mais sizudo dos humanos, com uma aura de luz muito própria que o envolvia mas não há resposta, não há vontade para voltar. Lágrimas correm fortemente pela minha cara, ao ritmo dos rápidos passos da minha corrida, mas eis que aparece um precipicio que os meus olhos fechados não deixam antever, caio gritando desesperadamente por ajuda mas em vão, não tenho onde me agarrar, ninguém está por perto...
Caio e desapareço na escuridão...

AS

Dedico este texto à Yara

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Continua...

- Bárbara beija-me, beija-me como nunca beijaste ninguém!
- Mas Rogério, não podemos viver este amor proibido!
Conseguirão Bárbara e Rogério manter este romance icestuoso escondido durante muito mais tempo? Continua na próxima semana.
A revolta toma conta de mim, perco as estribeiras cada vez que o produtor de uma telenovela insiste em manter as grandes decisões para o dia seguinte, é uma espécie de lugar-comum, um cliché dessas telenovelas que realmente me deixa danado, porque raio tenho eu de esperar para ver algo que já sei que vai acontecer!?
Realmente esta invenção do "Continua" é uma trapalhada, é comum ter suores frios e alguma exaltação cada vez que olho para o relógio e faltam apenas 5 minutos para terminar aquele episódio da minha série preferida "Oh não! O Jacinto está a ser sodomisado à bruta por aquele assassino! A policia não vai ter tempo para salvá-lo!". Fico irritado ah pois fico.
E se esta questão do "continua" pudesse ser aplicada à realidade, não seria útil? " Será que Barnabé conseguirá sobreviver mais algum tempo ligado à máquina?" isto mesmo sabendo nós que Barnabé tem câncro terminal e que vai morrer naquele mesmo instante, eu penso que seria positivo poder adiar situações como esta por mais uns tempos, tal como outras: "Conseguirá Carolina escapar ao atropelamento do comboio que a vai deixar feita em pápa?" ou mesmo "Será que aquela carta que o carteiro trouxe é a conta de 500€ de telefone que gastei este mês?"
Ok, se calhar é demasiado ridículo, mas mesmo assim...

AS

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Pimba vs Hip-Hop

O que se passa com o povo português? Onde está aquele espírito de protecção dos valores nacionais? Onde foi parar a exaltação da nossa cultura? Não só estou preocupado com a invasão dos Brasileiros ao FCPorto mas também com o desaparecimento dos cantores PIMBA. Ainda se lembram do último valor seguro a despontar na música Pimba? Pois é... os jovens de hoje não sabem o que é boa música, preferem ouvir Hip-Hop, Pop e essas tretas. Na minha opinião os cantores de Hip-Hop fazem concorrência desleal, para além do seu poder financeiro ser maior o que vemos nós quando passa um videoclipe desse estilo de música na MTV? Normalmente vemos um negro carregado de ouro, conduzindo grandes carros e rodeados de mulheres esculturais, enquanto que os cantores pimba com os seus reduzidos orçamentos têm que fazer vídeos caseiros que felizmente aos olhos de muitos parecem verdadeiras obras primas, e depois claro que vemos por aí jovens que se vestem como os rappers e falam como eles (devo admitir que eu próprio passei por essa fase).Já que estamos a falar na MTV pergunto eu qual a intenção das mentes que criaram o canal MTV Portugal? Para quê criar um canal nacional se não passam a verdadeira música tradicional?
Onde estás tu Ágata? E tu Emanuel, onde te meteste? Estaremos nós destinados a ouvir Eminems, 50 Cents, Nellys?! Pessoalmente prefiro relaxar ao som de José Correia Marques, Romana, Clemente, Toy...isso sim é música!
Não deixem o Pimba seguir o caminho do nosso Fado.

AS

P.S. não confundir Tony Carreira (grande cantor romântico) com os cantores Pimba.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Gatunos

Depois de vencer os problemas técnicos e a doença que me prendeu à cama de um hospital durante 5 dias, os quais que me impediam de escrever, cá estou eu de volta.
É sabido de todos que Odivelas não é a cidade mais problemática ao nível da criminalidade do país, mas há sempre o perigo de nos acontecer algo como sermos roubados. Foi isso que me aconteceu (isto antes de ir parar ao hospital), em plena luz do dia, pertíssimo da minha escola, fui abordado por um “caroucho”, um jovem da minha estatura que tinha as sobrancelhas rapadas, usava boné, duas argolas, calças de fato de treino com as meias por cima e uns tênis Nike Air Max. Não é um retrato muito claro já que existem por ai milhares como ele. Fiquei triste com este meu primeiro assalto porque me saiu a fava, isto é, era um jovem inexperiente pelo que me deu a parecer, isto porque se apresentou sozinho, – de referir que eu não estava mas o rapaz que me acompanhava decidiu fazer um sprint desaparecendo num ápice no horizonte – não tinha arma e manteve uma distancia de dois metros para mim dando-me espaço o suficiente para fugir dali se quisesse (sim porque eu sou muito rápido, há quem me chame o “Obikwelu Branco”). E pergunta o leitor: “Porque ficaste lá a ser roubado?”, fiquei lá porque ele estava a ser simpático pedindo sempre todas as coisas com muito jeitinho e assim decidi-me a ficar. A simpatia dele esfumou-se no momento em que me pediu o meu telemóvel rejeitando-o de imediato, fiquei tristíssimo quando ele o comparou a um daqueles rádios que os policias trazem à cintura e depois de uma ligeira reflexão cheguei à conclusão que o meu Erickson da primeira geração (raríssimo) tem um tamanho semelhante a esses malfadados rádios, de facto ambos têm 30cm de comprimento acompanhados por uma antena de 10 cm.
Ok, devo admitir que o gatuno também teve a sua dose de azar, não deve ser bonito assaltar alguém que possua um telemóvel destes que para além disto não tem cigarros e tem apenas 0,50€ na carteira.
Desculpa lá o incomodo...

AS