segunda-feira, abril 11, 2005

Papa

ATENÇÃO. Este texto deverá ser evitado pelas seguintes pessoas: Padres; Cardeais; Bispos; Arcebipos; Freiras; Sacristãos; Seminaristas; Monges; Jesuítas; Meninos do Coro; Beatas; Catequistas; Coveiros; Escuteiros; Funerárias; Padre Frederico; As senhoras que pedem dinheiro na missa; Pessoas que sabem o Pai Nosso; Pessoas que sabem o Avé Maria; Pessoas que sabem o Salvé Rainha; Pessoas que mesmo não sabendo as três referidas orações suprem essa pecha recitando na perfeição o Credo; Pessoas que frequentam a Igreja; Pessoas que não acreditando em Deus, gostam de ver a Eucaristia Dominical; Pessoas que usam e abusam de expressões como «Graças a Deus» e «Se Deus Quiser»; Pessoas que depois de grandes tragédias, ainda utilizam as referidas expressões; Pessoas que ouvem a Rádio Renascença; Pessoas que têm no vidro traseiro do carro um autocolante com a frase «A Rádio Renascença é um espectáculo»; Pessoas que só acreditam um bocadinho em Deus, mas que rezam muito às sextas-feiras antes do EuroMilhões; A minha vizinha do 3º andar.


Karol Wojtyla, Papa, João Paulo II, Santo Padre, Sumo Pontífice, foram apenas alguns dos nomes que povoaram televisões, rádios, jornais e conversas de café ao longo da última semana. A estes nomes surgiu quase sempre associada uma palavra: espera. A longa espera pelo simbólico fechar das portadas, do tocar dos sinos e, para alguns, do ameaçado começo, com transmissão televisiva, do Boavista-Sporting.
Falou-se muito, especulou-se ainda mais, ninguém queria ouvir, mas todos queriam anunciar em primeira mão aquilo que há muito se esperava: o Papa partiu.
O tempo já pisou o assunto na sua marcha apressada. Na retina ficam as intermináveis filas formadas por centenas de milhares de fiéis, sedentos por contemplarem João Paulo II em eterno descanso. Para lá chegar a espera ultrapassava as 15 horas, mais alguns minutos do que para encontrar, há cerca de um mês, um bilhete para o concerto dos U2. Compreensível, pois os dotes vocais de Bono deixam muito a desejar, quando comparados às missas cantadas do Santo Padre no auge do seu pontificado.
Ergue-se agora uma questão chamada sucessão. O português D.José Policarpo é um dos cardeais que pode vir a suceder a Karol Wojtyla à frente da Igreja e a eleição de um Papa de nacionalidade portuguesa tem pelo menos um ponto positivo. Se na Polónia foi instituído um novo feriado em homenagem a João Paulo II, daqui por uns anos poderíamos ter um novo dia feriado no calendário português. Eu estou com Policarpo.
O Cardeal de Lisboa já deixou escapar que, caso seja o sucessor de João Paulo II, irá adoptar o nome Clemente e, ao que tudo indica, será esse o cantor mais ouvido no auto-rádio do Papa Móbil.

JM